Câmeras instaladas em marquises gravaram onde e como fogo começou.
Segundo funcionário que viu cenas, chamas surgiram em refletor.


A Polícia Civil de São Paulo vai analisar imagens de câmeras de segurança para tentar saber onde e como começou o incêndio que destruiu, há uma semana, parte do Museu da Língua Portuguesa. O prédio atingido pelas chamas fica no complexo da Estação da Luz da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Um bombeiro civil morreu por causa do fogo.
Por conta do incêndio, a Estação da Luz da CPTM ainda está interditada e deverá ser reaberta na quarta-feira (30), segundo estimativa do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Antes terão de ser feitas obras emergências para garantir a segurança da estrutura do prédio. A estação recebe cerca de 200 mil passageiros diariamente.
As causas do incêndio são apuradas pela polícia. Câmeras instaladas debaixo da marquise do prédio gravaram tudo desde que o incêndio começou. As imagens vão ser entregues para a investigação policial.
Um funcionário do museu, que viu as imagens, contou que a impressão é que o fogo pode ter começado num refletor da exposição do historiador Câmara Cascudo. O refletor estava em cima de várias redes de dormir que faziam parte da exposição.

Nesta segunda-feira (28), técnicos do IPT devem voltar ao local dos escombros para reavaliar a estrutura do prédio que pegou fogo. As causas das chamas ainda são desconhecidas, mas uma das hipóteses é a de que tenha ocorrido um curto circuito após troca de uma luminária. O bombeiro civil Ronaldo Pereira morreu no incêndio.
“Eu estou estimando que mais uns dois dias, acredito, pelas condições que eu encontrei”, disse no domingo (27) o José Teóphilo Leme de Moraes, engenheiro do IPT, sobre a previsão de quando a estação da Luz da CPTM deverá ser reaberta.

Apesar de a Estação da Luz seguir interditada, a de Metrô que leva o mesmo nome está funcionado. Só não circulam pelo trecho afetado trens da CPTM e de carga. A companhia recomenda que os passageiros usem como alternativa a Estação Barra Funda, da linha 7-Rubi, ou a Estação Brás, da linha 11-Coral.
Moraes e demais técnicos do IPT localizaram novos pontos de fragilidade na estrutura da estação. Por isso, sugeriram mais obras de reforço. “Esse fortalecimento, a grosso modo, é amarrar um cabo de aço numa parte construtiva do lado de cá e no correspondente do lado de lá, para que eles sejam solidários e um ajude ao outro”, afirmou o engenheiro.

Além do IPT, membros da CPTM e da Defesa Civil acompanharam os trabalhos de vistoria no domingo.

Obras emergenciais
O governo de São Paulo iniciou na quarta-feira (23) obras emergenciais para dar estabilidade às ruínas e permitir a desinterdição da Estação da Luz da CPTM. Técnicos do IPT avaliam o impacto do incêndio e as obras necessárias.
Apesar da destruição do edifício, será possível recuperar o acervo virtual guardado em cópia de segurança.

O prédio onde fica o museu foi inaugurado em 1901. Já o Museu da Língua Portuguesa foi inaugurado oficialmente no dia 20 de março de 2006 e abriu suas portas ao público no dia 21 de março daquele ano. Em seus três primeiros anos de funcionamento mais de 1,6 milhão de pessoas já visitaram o espaço, consolidando-o como um dos museus mais visitados do Brasil e da América do Sul.

O Museu da Língua Portuguesa foi desenvolvido e implantado pela Fundação Roberto Marinho por meio de um convenio com o governo do estado de São Paulo. O museu é dedicado à valorização e difusão da língua portuguesa.

Imagens dos bombeiros
Imagens feitas por bombeiros mostraram como as equipes combateram as chamas no museu. Com uma câmera instalada no capacete, um bombeiro registrou o momento em que ele e seus companheiros estão dentro do caminhão da corporação a caminho do museu.

Assim que chegam à Estação da Luz, o grupo recebe as primeiras instruções do comando, de que o piso do prédio é de madeira. Eles entram no local com a ajuda de lanternas por causa da escuridão. Sobem escadas e chegam a uma das salas da exposição, que está destruída.

Mangueiras com água começam a ser usadas para combater as chamas. Pilhas de livros são derrubas para evitar novos focos de incêndio. É possível ver estruturas metálicas retorcidas devido ao calor.

Os bombeiros identificam risco de desabamento. Outros tentam chegar ao piso superior, mas não há mangueira suficiente.
fonte G1