• A janela de casa destruída pela lama no distrito de Bento Rodrigues, após o rompimento da barragem da Samarco
    A janela de casa destruída pela lama no distrito de Bento Rodrigues, após o rompimento da barragem da Samarco





Após 30 dias do rompimento da barragem de Fundão, as famílias desabrigadas querem um bônus imediato de R$ 10 mil da mineradora Samarco para tentar "recomeçar a vida".
Antônio Marcos de Souza, vice-presidente da Associação de Moradores de Bento Rodrigues, o lugarejo mais devastado pela lama de rejeito de minério de ferro, afirma que os moradores que foram obrigados a deixar o local querem ter, a partir de agora, mais independência para resolverem as questões do dia a dia.

"A gente não quer depender mais de doações, usar roupas doadas. A gente quer comprar as coisas que nós deixamos para trás e perdemos. Queremos comprar nossas próprias roupas novas, sapatos novos, os notebooks, celulares e objetos pessoais. Muita gente perdeu ferramenta de trabalho. As pessoas querem começar a trabalhar novamente, mas precisam do que perderam. Queremos ter mais liberdade', declarou.
A reivindicação dos desabrigados é que os R$ 10 mil não deverão ser descontados de futuras indenizações devidas pela mineradora às famílias em razão da tragédia.
Segundo o Ministério Público, a Samarco, empresa controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP, foi notificada sobre a reivindicação e deveria ter dado um posicionamento em reunião com representantes dos desabrigados na quinta-feira (3).
Conforme o promotor Guilherme de Sá Meneghin, da 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Mariana, o Ministério Público, representantes da empresa, no entanto, teriam dito que ainda vão dar uma resposta sobre o pedido.
"Eles não deram resposta sobre o pedido do bônus de R$ 10 mil para cada família. Pediram para dar essa resposta na quinta-feira que vem (10). Os atingidos têm contas para pagar, querem comprar roupas", afirmou.
Meneghin afirmou que, se a mineradora não der uma resposta positiva no próximo encontro, ele vai encaminhar uma ação coletiva para impor à empresa para pagar esse bônus.
"Existe uma discussão se esse bônus seria uma antecipação de indenização, ou seria uma assistência inicial maior por parte da empresa aos atingidos. Nós entendemos que é uma assistência e que não pode ser descontada. A empresa entende que não. Todas as 294 famílias estão pleiteando isso", salientou.
O promotor ainda disse os desabrigados reclamam da morosidade em relação à acomodação de famílias em casas alugadas pela Samarco.
"Outra grande reclamação é sobre a demora na acomodação das famílias nas casas alugadas pela Samarco", afirmou o promotor. Assim, a empresa teria que desembolsar quase três milhões de reais para atender a solicitação.
Após o rompimento da barragem, a Samarco acomodou pouco mais de 600 pessoas em hotéis de Mariana. A alimentação ficou a cargo da empresa. Em seguida, famílias começaram a ser alojadas em casas alugadas pela mineradora, que ainda se comprometeu a dar uma ajuda de custo de um salário mínimo a cada família e cestas básicas. 
"As pessoas não gostam de ficar em hotéis. A Samarco se comprometeu, a partir de agora, em vez de colocar 25 famílias por semana, a colocar 50 famílias por semana nas casas alugadas", afirmou o promotor.
Em nota publicada no dia 3 deste mês, a mineradora informou que 72 famílias já foram transferidas para casas.   
No último dia 30, iniciou-se a entrega de cartões de auxílio financeiro às famílias das comunidades de Bento Rodrigues, Paracatu, Pedras, Camargos, além de Ponte do Gama e Campinas. O auxílio será de um salário-mínimo mensal, acrescido de 20% desse valor por dependente, e uma cesta básica no valor de R$ 338,61.
Os cartões vão permitir a compra de produtos em locais conveniados e o saque de dinheiro em terminais de auto atendimento da rede Banco 24 horas. O crédito será depositado todo dia 5 e será retroativo ao dia 5 de novembro. Esse auxílio, conforme nota da empresa, não representará "nenhuma indenização por perdas e danos" e será pago a famílias que recebam benefícios sociais, como o bolsa família, 
fonte uol