Acidente aconteceu no sábado, na Ponta dos Meros, próximo à Ilha Grande.
Na terça, mergulhadores encontraram a embarcação que afundou.





Cinco dias após o naufrágio em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio do Janeiro, continuam as buscas por desaparecidos. Nesta quarta-feira (2), uma equipe formada por 66 homens, entre bombeiros, agentes da Marinha e da Defesa Civil, retomou os trabalhos.
Os mergulhadores vasculharam uma área que corresponde a aproximadamente três campos de futebol. Eles se concentram em uma área que fica a 54 km da costa.
acidente aconteceu na noite sábado (28), na Ponta dos Meros, próximo à Ilha Grande. A embarcação “Minas Gerais” virou em alto-mar, com 13 pessoas à bordo. O grupo é de Arantina (MG) e havia alugado o barco para pescar.
Oito pessoas foram resgatadas, mas cinco ainda não tinha sido encontradas, entre elas, o vice-prefeito de Arantina (MG), José Geraldo da Silva. No domingo (29), a Fundação de Turismo de Angra dos Reis (TurisAngra) divulgou a lista com o nome dos envolvidos no acidente.
Na tarde de terça (1°), a embarcação foi localizada. Segundo os bombeiros, mergulhadores acharam o barco a 36 metros de profundidade, próximo ao local do naufrágio. A equipe foi até lá acompanhada de dois sobreviventes, que apontaram onde o acidente aconteceu. Havia óleo no mar.
Encontrei um isopor, diz sobrevivente
G1 conversou por telefone com o advogado Erlei Eros Misael, de 42 anos. Ele conseguiu nadar até uma ilha próxima ao local do naufrágio em busca de socorro.
"Tombou para o lado esquerdo. Nessa hora, foi dito para que todos apanhassem seus coletes e vestissem. Foi aquela confusão. Com muito sacrifício, nós conseguimos nadar. Deus ajudou que encontrei um isopor, depois o banco do barco".
Erlei Eros Misael sobreviveu ao naufrágio (Foto: Erlei Eros Misael/Arquivo pessoal)Erlei Eros Misael sobreviveu ao naufrágio
Segundo Erlei, essa era a terceira vez que o grupo de amigos se reunia para pescar na Costa Verde e aparentemente a embarcação não apresentava qualquer tipo de defeito ou falha.
"Estava tudo em ordem quando embarcamos, a navegação era tranquila. Saímos da praia do Camorim por volta de 15h30, passamos pela Ilha Grande e fomos até a outra ponta. Iniciamos a pescaria, o mar estava muito corrido, tinha muita correnteza. Quando resolvemos mudar um pouco de ponto, andamos por volta de dois, três minutos. Foi aí que o barco, ao fazer uma curva, simplesmente adernou".
O aposentado Valdecir Rios Ferreira também foi resgatado após o acidente. Ele tentou ajudar os colegas a pegarem os coletes, mas lamentou não ter conseguido ajudar todos.
“O céu estava limpo, o mar calmo. A traseira do barco afundou. Peguei um colete para mim e ajudei a retirar os coletes para dar aos outros, mas não deu tempo e estava difícil de tirar. As pessoas se agarraram a caixas de isopor e bancos do barco. Dois cunhados meus estão desaparecidos. Um saiu no isopor, estava tranquilo, mas não o vi mais. Eu ajudei a levar o outro até uma ilha, mas ele não conseguiu subir e o mar levou”.
Arantina tem aproximadamente 3 mil habitantes (Foto: Reprodução/TV Rio Sul)Arantina tem aproximadamente 3 mil habitantes
'Cidade em luto', diz prefeito
A notícia do naufrágio causou comoção em Arantina, cidade que possui menos de 3 mil habitantes. A prefeitura informou que está em contato com as autoridades em Angra dos Reis e disponibilizou serviços como assistência social, saúde e psicologia às famílias dos desaparecidos.
"É um choque muito grande. A cidade está, digamos assim, em luto. É um baque muito grande ", disse o prefeito, Francisco Carlos Ferreira. Com as atividades escolares parcialmente suspensas, os alunos dos dois colégios públicos da cidade foram liberados mais cedo. A mulher do vic-prefeito é diretora de uma das escolas.
A falta de notícias sobre os desaparecidos deixa os familiares apreensivos. O metalúrgico José Roberto de Souza conhecia todos os envolvidos no acidente. Ele é irmão de um dos que estavam a bordo, o pedreiro Fernando Cássio de Souza, de 37 anos.
"Todos estavam acostumados a pescarem em alto-mar. Foi uma fatalidade, infelizmente. Nossa mãe tem 71 anos e está muito nervosa, à base de calmantes. É uma agonia muito grande não saber se estão vivos ou não", disse ele, que nasceu na cidade mineira e vive há 26 anos em Barra Mansa, RJ.
O mecânico Edson Solimar Pereira fazia parte do grupo de pescadores e estava em um outro barco. Ele foi um dos primeiros a chegarem para prestar socorro.
"Ouvimos gritos, com uma 'luzinha' na praia. Chegamos, fomos ver um sobrevivente na água. Nós paramos. Resgatamos três. É uma das piores coisas ver o pessoal sumir. É uma sensação horrível", afirmou.
fonte G1