Devido às dificuldades de acesso, moradores são orientados a deixar casas em distritos como Ponte do Gama. Muitos devem se mudar para o Centro de Mariana
Mariana – Das janelas do quarto da casa do filho, Valdemira Inácio Vieira Arantes, de 92 anos, vê o lugar onde cresceu, a casa que foi de seu pai e onde criou sua família, tomada por lama. Ela e as filhas Maria das Graças, de 57, e Maria de Fátima, de 52, estão praticamente ilhadas na região de Ponte do Gama, em Mariana. Na tarde desse sábado, retroescavadeiras tentavam liberar o acesso para que se pudesse chegar à casa onde estão. Numa parte pouco mais alta, a casa não foi atingida pelo mar de lama, mas trata-se de uma área de risco, pelas dificuldades de acesso. A região onde estavam a mãe e as duas filhas foi o foco das buscas do corpo de bombeiros, durante todo esse sábado.
Depois de receber água e alimentos levados por voluntários, a família foi orientada a deixar o imóvel. Sem gostar muito da ideia, Valdemira disse que pretende acatar o conselho, para não ficar mais tempo isolada. A família deve se mudar amanhã para o Centro da cidade. “Nasci em Águas Claras e me mudei para cá quando tinha 1 ano e pouco. Dizem que a área está perigosa. Então, temos que sair”, afirmou Tita, como é conhecida na região. “Vou para Mariana, mas não gosto de lá”, completa a mãe, que guarda na memória a aproximação do lamaçal. “Tocamos as galinhas, as vacas, mas foi muita coisa embora.”
Dezesseis dias depois do rompimento da Barragem do Fundão e avarias na de Santarém, que resultaram no maior desastre ambiental do Brasil, com 12 mortos contabilizados e 11 desaparecidos, os sinais da força da massa de rejeitos que desceu das duas estruturas podem ser vistos por todos os lados. Árvores de grande porte retorcidas na margem dos rios e rejeitos que ficaram ao longo do caminho criam um cenário de desolação.
Trabalhadores a serviço da mineradora Samarco agem para abertura de acessos para Ponte do Gama e Paracatu de Baixo, mas não informam quanto tempo levará para que os caminhos estejam restabelecidos. Com o acesso dificultado a grande parte das áreas atingidas pela tragédia, os bombeiros continuaram as buscas dentro do leito dos rios. Cerca de 40 homens fizeram varreduras em Camargos, Bicas, Ponte do Gama e Paracatu de Cima. “Não vamos suspender as buscas. Resgatar os desaparecidos é um compromisso que temos, para dar o mínimo de conforto a essas famílias”, disse o subtenente Selmo de Andrade.
Com roupas impermeabilizadas, eles buscam na lama sinais dos desaparecidos. Como em muitas partes o barro ainda está molhado, os militares têm dificuldade para andar e precisam adotar a técnica de quatro apoios, ajoelhados e com as mãos no chão. Ontem, os trabalhos não tiveram sucesso, mas os bombeiros fizeram levantamento de pontos em que há indícios da presença de corpos. Eles retomam o serviço hoje de manhã. “Sentimos odor, levamos os nossos cães para que possam sinalizar onde devemos intensificar a procura”, diz o subtenente. Ele lembra que, com o passar do tempo, a tarefa de encontrar os desaparecidos fica mais difícil, mas não impossível.
MANIFESTAÇÃO Nesse sábado, houve protestos em Belo Horizonte e Mariana. “Chega de lama!”, dizia um dos cartazes da manifestação realizada na Praça Afonso Arinos, na capital, com marcha até a Praça da Liberdade. O ato, “em repúdio ao crime socioambiental cometido pela Samarco (Vale/BHP)”, reuniu cerca de 120 pessoas, entre representantes da sociedade civil, movimentos sociais e ambientalistas. Segundo Juliana Rocha, integrante das Brigadas Populares, a iniciativa partiu de um seminário realizado no dia 17, em BH, para discutir formas de apoio à população atingida pela tragédia. Já em Mariana, o pedido foi pela permanência da Samarco na cidade para garantir empregos.
Desde o rompimento da barragem, em 5 de novembro, a lama já percorreu mais de 900 quilômetros, comprometendo o abastecimento de água em municípios ao longo do Rio Doce. Em Colatina, no Espírito Santo, equipes do Exército organizam as extensas filas para distribuição de água.
Dezesseis dias depois do rompimento da Barragem do Fundão e avarias na de Santarém, que resultaram no maior desastre ambiental do Brasil, com 12 mortos contabilizados e 11 desaparecidos, os sinais da força da massa de rejeitos que desceu das duas estruturas podem ser vistos por todos os lados. Árvores de grande porte retorcidas na margem dos rios e rejeitos que ficaram ao longo do caminho criam um cenário de desolação.
Trabalhadores a serviço da mineradora Samarco agem para abertura de acessos para Ponte do Gama e Paracatu de Baixo, mas não informam quanto tempo levará para que os caminhos estejam restabelecidos. Com o acesso dificultado a grande parte das áreas atingidas pela tragédia, os bombeiros continuaram as buscas dentro do leito dos rios. Cerca de 40 homens fizeram varreduras em Camargos, Bicas, Ponte do Gama e Paracatu de Cima. “Não vamos suspender as buscas. Resgatar os desaparecidos é um compromisso que temos, para dar o mínimo de conforto a essas famílias”, disse o subtenente Selmo de Andrade.
Com roupas impermeabilizadas, eles buscam na lama sinais dos desaparecidos. Como em muitas partes o barro ainda está molhado, os militares têm dificuldade para andar e precisam adotar a técnica de quatro apoios, ajoelhados e com as mãos no chão. Ontem, os trabalhos não tiveram sucesso, mas os bombeiros fizeram levantamento de pontos em que há indícios da presença de corpos. Eles retomam o serviço hoje de manhã. “Sentimos odor, levamos os nossos cães para que possam sinalizar onde devemos intensificar a procura”, diz o subtenente. Ele lembra que, com o passar do tempo, a tarefa de encontrar os desaparecidos fica mais difícil, mas não impossível.
MANIFESTAÇÃO Nesse sábado, houve protestos em Belo Horizonte e Mariana. “Chega de lama!”, dizia um dos cartazes da manifestação realizada na Praça Afonso Arinos, na capital, com marcha até a Praça da Liberdade. O ato, “em repúdio ao crime socioambiental cometido pela Samarco (Vale/BHP)”, reuniu cerca de 120 pessoas, entre representantes da sociedade civil, movimentos sociais e ambientalistas. Segundo Juliana Rocha, integrante das Brigadas Populares, a iniciativa partiu de um seminário realizado no dia 17, em BH, para discutir formas de apoio à população atingida pela tragédia. Já em Mariana, o pedido foi pela permanência da Samarco na cidade para garantir empregos.
Desde o rompimento da barragem, em 5 de novembro, a lama já percorreu mais de 900 quilômetros, comprometendo o abastecimento de água em municípios ao longo do Rio Doce. Em Colatina, no Espírito Santo, equipes do Exército organizam as extensas filas para distribuição de água.
fonte em.com.br
0 Comments
Postar um comentário